domingo, 23 de novembro de 2008

Cuba ... 10 horas de voo, 1 furacão e 1 morto no avião!


1, 2....1,2... a gravar:


" Ora boa noite a todos (23:09h). Deste lado, convosco, euzinha, regressada de Cuba... Belas férias (ou não...), caraíbas, sol, mojito, charutos e carros clássicos. Um sonho para muitos mortais. MAS... a inveja á coisa feia, e real... Para mim foi obra dela! Então passo a resumir que isto contado até as pedras da calçada choram! Pacote "Tudo Incluido", vendido por uma agência no Porto, 780 euros, hotel resort 4**** superior. Saída Porto - Vigo - Madrid - Havana de avião. Informação extra do agente de viagens: 1 hora de voo Porto-Vigo; espera 3h em Madrid e faz mais 6 de voo até Havana. Acresce 40 minutos de autocarro até ao hotel em Varadero (40Km). Comprei, lá está:)


Chock 1: descola avião em Madrid, o piloto cumprimenta o people e deseja boa viagem para as "Ten hours....." de voo... TEN hours?! Ele disse 10 horas de voo?! Fiquei podre; sem chumbo para dormir, sem preparação psicológica para o massacre... Nada a fazer. Já devia doer atirar-me a um km de altura. Lá fui.


Chock 2: Chegada a Havana: 23 horas locais. Algum vento. Entrada para o bus transfer. Pergunto ao tipo: Então quanto tempo até ao hotel? 3 horas disse ele. QUUUUUUUêeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee???? 3 horas para 40 km? pergunto.
Responde o cubano: para 150km...
COMMMMMMMMMMMMO????? Vou de taxi então, responde aqui a europeia citadina.
"Voa mais depressa", responde o criolo do cubano "com o furacão que se levantou ontem sobre Varadero... vamos ver é se lá chegamos!" COOOOOOOOOOMMMMMMMMMOOOOOOOOOO???? Furacão???? Ok, se me safar desta mato o tipo da agência e dou um sova a S.Pedro!


Chock 3: Resumo os próximos capitulos: Mudei de hotel no 1º dia (o tal 4**** sup só se fosse na Etiópia!!!); apanhei 4 dias de mau tempo; em Havana a máquina fotográfica pifou; o mojito é nojento; os charutos cheiram a bosta de camelo; a comida sabe ora a cabra ora a cominhos.


Chock 4: Regresso a Portugal: voo Havana- Madrid: a sobrevoar o atlântico, acabadinha de acordar (faltavam apenas 2 horas para aterrar iupi:), o avião ainda às escuras...e passa a correr feita louca uma assistente de bordo. Olho para trás, 2 lugares depois de mim... um tipo deitado no chão do corredor. Pensei: "epilético ou quebra de tensão, uma merda assim". Levanto-me, apresento-me e pergunto se precisa de ajuda (ossos do oficio da profissão). Ela olha para mim e diz que sim, que não sabe o que fazer. Aproximo-me. Primeira observação: mijado, pés e mãos frias, não responde, não respira, não lhe sinto o pulso... Ok, merda! Acção: Massagem cardíaca: nada. 3 médicos a bordo, o mais velho chega, faz 4 compressões toracicas, procura o pulso e diz: NADA, SE FOI. Afasta-se. 20 minutos depois de massagem cardiaca manual/respiração boca a boca, desistimos. Estava morto. Nada a fazer. Sem material para puncionar uma veia, sem desfibrilhador e a 2 horas de aterrar ... nada a fazer. É uma merda isto às vezes. Perdoem-me, mas preferia ter continuado a dormir. A sensação de não ter conseguido fazer nada acompanha-me até agora. Cuba: hasta la vista!